sábado, 27 de janeiro de 2007

Luciana Abreu: femme fatale

Por momentos, abandonou o ar de menina ingénua e impôs toda a sua sensualidade. Numa arrojada produção fotográfica, Luciana Abreu não teve nada de Flor e encarnou o espírito de uma verdadeira femme fatale. O papel assentou-lhe na perfeição. Luciana posou sem tabus e sem reservas, libertando a sua feminilidade. O mesmo aconteceu na entrevista. Sem subterfúgios ou meias-palavras, a actriz, de 21 anos, falou abertamente sobre a família, o amor e a religião, os três alicerces da sua vida.
Luciana, que no espaço de um ano saiu do anonimato para se tornar uma das actrizes mais populares em Portugal, tem na mãe o seu ideal de mulher. “A minha mãe já sofreu muito na vida, é uma lutadora. Tem uma força incrível, e é a ela que vou buscar a minha força.” Filha de pais separados, Luciana mudou-se do Norte para a capital porque as incessantes gravações da novela da SIC a obrigaram a isso.
Consigo trouxe a mãe e a irmã mais nova, Luísa, enquanto a mais velha, Liliana, optou por continuar em Gaia, onde a família sempre viveu. Apaixonada pela vida, a famosa Flor não é mulher de se apaixonar facilmente por alguém. “Sou muito exigente”, confessa. O seu maior companheiro de viagem? “Deus. Tudo o que me aconteceu ao longo deste ano teve um toque divino. Como tudo o que sucede na minha vida.”


– Há um namorado na vida de Luciana?
-Não.

– Por falta de oportunidade ou porque não anda à procura?
-As duas coisas. Primeiro, porque não estou para aí virada. Tenho tanto trabalho, que não me preocupo com o facto de não ter alguém, até porque não teria tempo para lhe dar atenção. E, depois, não ando à procura, estou muito bem assim. Vai chegar o dia em que vou sentir falta de ter uma pessoa ao meu lado, mas aí logo se verá.

– Já viveu alguma paixão arrebatadora?
-Já. Tanto andava nas nuvens como em cima de espinhos de rosas. Quando estamos apaixonadas, tanto nos sentimos felizes e maravilhadas como, de repente, podemos desmoronar. A relação acabou, porque o tempo assim o quis. Mas permaneceu uma boa amizade.

– Prefere seduzir ou ser seduzida?
– As duas coisas. Não que me ache sedutora, mas gosto desse jogo de sedução.
– É difícil de conquistar?
– Muito. Sou muito exigente. Tenho sempre de sentir qualquer coisa ao primeiro olhar. Tem de haver uma certa química. E gosto que me surpreendam, gosto do factor romantismo. O cavalheirismo e os pequenos gestos têm muito significado para mim.

– Fugiria com alguém num cavalo branco ou numa mota topo de gama?
– Num cavalo branco…

– Ou seja, prefere os romances cor-de-rosa à aventura e ao inesperado?
– Também gosto quando as coisas não são lineares, quando não é tudo previsível. Gosto de ser surpreendida. E, às vezes, sou a primeira a alinhar.

– Acredita que se pode ser feliz para sempre?
– Acho que não se pode ter a felicidade como garantida. É algo que se constrói e que não é segura. Existem sempre os dois lados, a felicidade e a tristeza. E a tristeza tem de existir para sabermos o que é ser-se feliz.

– Qual é o seu ideal de homem?
– Eu peço muito pouco. Há valores que prezo muito, como a lealdade, o respeito mútuo, a cumplicidade ou a confiança. São valores que nos fazem amar. O amor por si só não basta para sermos felizes. Temos de nos sentir preenchidas com a pessoa que está ao nosso lado. Talvez aí, sim, possamos ser felizes para sempre.

– Acredita em príncipes encantados?
– Não.

– Ou seja, há homens de carne e osso, com todos os seus defeitos e qualidades…
-É isso mesmo! Cada um é como é. Desde que saibamos viver em harmonia, conseguimos superar tudo.

– Suportaria uma traição?
– Definitivamente, não. Nesse aspecto, não dou o braço a torcer.

– Quando chegar o grande dia, pretende fazer tudo como manda o figurino? Igreja, véu, grinalda…
– Sim. Claro que, quando namorava, pensava mais nisso. É inevitável. Agora nem tanto. Mas em vez da igreja, gostava de me casar na praia.

– E partir em cima de um cavalo branco?
– Claro. [risos] Com um vestido lindo. Esse é um passo que quero dar, convicta de que será para sempre.

– E a maternidade, faz parte dos seus planos?
– Completamente. Mas o que eu queria mesmo agora era adoptar uma criança. Até tenho um quarto a mais em casa para isso. Já o tentei fazer, mas as leis e as burocracias são horríveis. Tenho pessoas a tratar disso para mim, até porque tenho o sonho de adoptar uma criança chinesa.

– Os seus pais separaram-se quando era criança. Como é que reagiu?
– Nunca falei muito sobre isso, mas dou graças a Deus por ter havido essa separação. Nós sofremos muito, passámos por coisas horríveis pelas quais não quero passar nunca mais na minha vida.

– Refere-se a dificuldades de que tipo? Financeiras, pessoais, de relacionamento…
– De tudo um pouco. Passámos por más experiências que nos ajudaram a dar valor às pequenas coisas, e que nos permitiram amadurecer e crescer. Para mim, a minha mãe é uma santa. Uma pessoa que já sofreu muito, uma lutadora. Tem uma força incrível, e é a ela que eu vou buscar a minha força. Neste momento, está com uma licença sem vencimento, porque eu não a quero deixar trabalhar. Ela tinha dois empregos, sempre trabalhou muito para me sustentar a mim e às minhas irmãs ao longo da nossa infância, para que não nos faltasse nada. Neste momento, como filha, sinto-me na obrigação de cuidar dela. Só quero que sejamos uma família feliz.

– Pressupõe-se que não conta de todo com uma figura paterna…
– Nunca pude contar. É um mapa riscado na minha vida, nem sequer perco tempo a pensar nisso. Não vale mesmo a pena.

– O facto de correr atrás de um sonho levou-a a abdicar de outros factores. Em que patamar ficaram as saídas à noite, as idas ao cinema e à discoteca, coisas tão próprias da sua idade?
– Isso está tudo em fila de espera. Sinto que estou a passar pela melhor fases da minha vida, e vou ter tempo para gozar o resto depois. Não é nada que me tire o sono.

– Tem 21 anos e, seguramente, todas as preocupações típicas das mulheres. Como é a Luciana mulher?
– É alguém com os pés muito assentes na terra. Considero-me uma pessoa humilde e lutadora. Sou do tipo camaleão, adapto-me às diversas situações, o que me ajuda imenso. Aconteceu-me com esta sessão de fotografias. Encarnei uma personagem, vesti a pele de alguém.

– Vê-se como uma mulher sensual?
– Tenho o meu lado de mulher, se tiver de o usar, sei usá-lo, mas não me vejo como uma mulher sexy quando olho para o espelho. Nem penso nisso. Sou tão simples…

– Se depois desta aventura juvenil lhe propusessem um papel completamente diferente, de uma verdadeira mulher fatal, que jogasse com a aparência e a sensualidade para atingir os seus fins, considerá-lo-ia aliciante?
– Completamente. Era um desafio que aceitava na hora. Faria de tudo para arrasar. Ia adorar fazer um papel desses, de jogar com a sedução, com a arte de seduzir.

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